Estou muito desiludido comigo mesmo. É sempre a mesma coisa todos os anos! Prometi que nunca mais voltava lá e não consegui resistir. Aconteceu ontem, perdi a cabeça e lá fui eu... à Feira do Livro.
O problema é que eu sou viciado em livros. Por isso ir à Feira do Livro faz-me sentir a mesma coisa que sinto quando vejo os corpos das bailarinas dos videoclips de hip-hip: Quero possui-los a todos!
Como não é possível economicamente (no que toca à parte dos livros) e humanamente (no que respeita aos corpos das bailarinas) prefiro não sequer os ver.
Quem gosta de livros sabe que lê-los é apenas uma pequena parte do prazer que se tira de ter um livro e por isso, estes são quase como as raparigas na nossa vida: às vezes basta saber que elas estão lá quando precisamos delas, às vezes basta tocar-lhe gentilmente ou cheirá-las apenas.
Houve uma altura na minha vida que trazia sempre para casa uma carrada de livros. Nessa altura eu andava na fase dos livros-de-bolso e estava convencido que livros-de-bolso eram aqueles que tinham o tamanho exacto para se esconderem no bolso sem dar muito nas vistas.
Mas ontem impus-me um limite e comprei apenas três livros. Por isso, meus amigos, os livros do dia são:
- O Estranho Caso do Cão Morto, de Mark Hadden.
Bastou-me folheá-lo para perceber que se trata um policial completamente original e divertido que quebra as regras. Além disso parece que tenho ideia que li uma crítica péssima ao livro, no Expresso, e isso é razão mais que suficiente para o comprar.
- Vernon Little, O Bode Espiatório, de DBC Pierre.
Ganhou o Booker Prize em 2003. Eu não sabia nada sobre ele mas se eu tenho instinto para livros este não engana. É uma tragicomédia moderna com um humor negro irresistivel e temo que ao lê-lo me vá acontecer, o mesmo que me acontece com todos os bons livros: agarro-o e não lhe dou descanso enquanto não acabar com ele.
- Linguagem Seinfeld, de Jerry Seinfeld.
Acima de tudo, recomendo que, por favor, NÃO leiam este livro! Eu conheço, quase totalmente, os textos deste humorista impar e sempre gostei de pensar no Seinfeld como o Bidé americano tal é influência que este blog tem tido na sua vida. Exactamente por isso, aqueles que menos o conhecem, ao ler este livro, podem cometer o sacrilégio de achar que ele não tem piada nenhuma. Isto porque mais que em qualquer outro género, o humor, perde-se quase totalmente nas traduções. Só há uma maneira certa de dizer a melhor piada e essa só pode ser no original. Por isso, se têm aspirações no humor ou se para vocês o humor é uma coisa quase religiosa, comprem este livro mas não o leiam. Mantenham-no junto a vocês para inspiração divina. Até porque a bíblia deve estar sempre na mesinha-de-cabeceira, não é?