Passar uma noite inteira, a ouvir elogios ao novo relógio de um amigo, pode ser uma experiência realmente enfadonha. Quase tão enfadonha, como ouvir a voz monocórdica e em câmara-lenta do José Maria Carrilho no Jornal da Noite na SIC. O relógio do meu amigo, é um daqueles que não precisa de corda, nem leva pilha, trabalha com a pulsação. Este, definitivamente não é o meu género de relógio e embora não o tenha dito ao meu amigo, que estava tão entusiasmado, julgo que um relógio que funcione ao ritmo da pulsação pode levantar graves problemas. Por exemplo, um relógio destes, pode muito bem destruir a relação de um casal de namorados:
- Sabes, quando estou contigo o tempo passa mais depressa.
- Ó 'mor, és tão querido!
- Não, a sério, é do relógio! Quando à bocado te apalpei o rabo, ele adiantou-se logo meia hora. Imagina quando daqui a bocado dermos uma queca!
- O quê?!
- É verdade! Ainda ontem quando me vim embora de tua casa eram 23h00, entrei no elevador, por acaso estava lá aquela tua vizinha, a mamalhuda sabes?, e quando saí do elevador, olho pró relógio e eram quase 2 da manhã!
Ora meus amigos, isto é preocupante. Mas há pior. Já imaginaram o que pode acontecer, se estão com o relógio no pulso e recebem um telefonema das finanças a dizer que à problemas com o vosso IRS e estão a planear fazer-lhe uma investigação minuciosa? Bem, aqui os ponteiros do seu relógio vão parecer hélices a girar tão depressa, que ainda é bem capaz de viajar 25 anos no tempo!
(Como é que se comportaria o Carrilho, se lhe dessemos uma pastilha de extasy? Será que ainda falaria de filosofia?)