Hoje vou falar da coisa mais enfadonha que se passa na Blogosfera. Não, apesar de tudo, não é o blogue do Pacheco Pereira.
Durante as minhas deambulações pelos cantinhos de cada um, o que mais bocejos me provoca, são mesmo as TRANSCRIÇÕES. Tenho encontrado transcrições para todos os gostos: ele são frases e citações célebres, excertos de obras, poemas, odes, artigos científicos, decretos do Diário da República, receitas de culinária, letras de músicas, … Enfim.
São tantos que se dedicam a esta prática, que penso que vou agora mesmo, criar uma designação para este movimento, como se fosse uma nova doutrina virtual: O TRANSCRICIONISMO. Pronto já, está. Que tal, hum?
Ás vezes, tenho é uma certa dificuldade em adivinhar, quais são as diferentes motivações, de cada um dos transcricionistas. Penso no entanto que serão diversas: Uns fazem-no por a) PREGUIÇA (sempre se perde menos tempo e é mais fácil copiar aquilo que os outros já perderam tempo a escrever que perder tempo a escrever o que ainda ninguém escreveu), outros por b) ALTROISMO INGLÓRIO (têm tanta admiração pelos autores que julgam que o acto da transcrição pode ter alguma importância de relevo), outros ainda por c) SUPERIORIDADE (julgam ser importante que os outros bloguistas saibam quais as obras obrigatórias e reconheçam a sua vasta cultura e conhecimento traduzida na quantidade e diversidade de referências que possuem) e ainda há aqueles que o fazem por d) INGENUIDADE (sindroma que os leva a pensar que os outros se importam verdadeiramente com as suas preferências literárias).
Ora, eu não quero ser excepção. Só por isso, estive a pensar que é que haveria, por uma vez, de transcrever. Pensei que tinha que ser um texto exemplar, com tanto de magnânime como de intenso, que me tenha marcado profundamente, genialmente bem escrito e que adorava ter sido eu a escreve-lo. Depois de grande ponderação, aqui está ele:
O PIAÇABA: Maus hábitos alimentares fizeram-me passar mais tempo na casa de banho do que é aconselhável. Oportunidade para reflectir sobre uma data de coisas. A mais premente: para que é que serve o piaçaba? É impressão minha ou é o utensílio de limpeza mais estúpido de sempre? "Ó meu Deus, temos cocó na pia! Já sei, vou tirá-lo com o piaçaba e GUARDÁ-LO NUM RECEPIENTE AO LADO DA SANITA!"
Zé Diogo Quintela in Gato Fedorento