Relato da primeira incursão balnear deste ano. Algures numas dunas, com o sol intermitente, a partilhar o som dum walkman:
Eu: Então, gostas da Joss Stone?
Ela: Gosto mais da Norah Jones.
Eu: Essa dá-me pena.
Ela: Porquê?
Eu: Não sabe porque é que não se veio.
Ela: Onde é que foste buscar essa?
Eu: Então, ela não passa a vida a dizer, “I don´t Know why I didn’t come”?
Ela: Pois é, já me esquecia.
Eu: Sabes que esta música que a Jess Stone está a cantar é dos White Stripes?
Ela: Não.
Eu: Como há muitas pessoas que pensam que o “Knockin' on heaven's Door” é dos Guns n Roses. Mas é do Bob Dylan.
Ela: Vim para a praia com a enciclopédia musical, foi?
Eu: Pois com certeza. E também há muita gente que pensa que o “Dunas” dos GNR foi escrito pelo Rui Reininho.
Ela: E não foi?
Eu: Não. Fui eu que uma vez me virei para ele e que lhe disse, “Ó Rui pá, já reparaste que dunas são como divãs? E já te ocorreu por acaso, que as dunas também são como biombos indiscretos de alcatrão sujo rasgados por cactos e hortelãs? Hem?”
Ela: E ele o que é que disse?
Eu: Disse que eu era um poeta do caraças.
Ela: As coisas que eu aprendo contigo nas dunas.
Eu: E mais, isto é segredo mas há uma música dos Beatles que foi escrita pelo Paul McCartney porque estava apaixonado por uma portuguesa chamada Leonilde.
Ela: Que música?
Eu: Aquela que eles cantam, “Ó Leonilde is love. Ó Leonilde is love. Love is all Leonilde”.
Ela: (sorriso desconcertante) Essa já me custa mais a acreditar.
Eu: Sabes o que é que eu te digo? Já comia uma trifana.
Ela: Uma quê?
Eu: Uma trifana. É que estou com tanta fome que uma bifana é capaz de não me chegar.
Ela: A que propósito é que vem isso agora?
Eu: Já tinha este trocadilho há uma data de tempo e não sabia onde é que o havia de enfiar.
Ela: Ah.
Eu: E já te disse que ficas linda apenas com esse unikini?
Ela: Já. És um amor.
Eu: E tu és uma musa. Uma musa que me dá uma grande… vontade de rimar.