Sabendo-se que estamos já em pleno século XXI e a viver nesta sociedade pós-moderna, há uma coisa que eu não consigo entender por muito esforço que faça: bigodes.
Esta dúvida assalta-me a cada instante: Porque é que ainda há homens que insistem em desenvolver uma espécie de piaçaba debaixo do nariz? Qual é o interesse oculto por trás desta desfiguração facial voluntária?? Será assim tão especial expor um retentor capilar de micróbios, poeiras, espuma de cerveja e restos de comida?? E numa época em que a maior parte das pessoas só pensa em ver-se livre da maioria dos seus pêlos e que as palavras da moda são “depilação permanente”, o que é que leva certos individuos a desenvolver (muitas vezes desregradamente) um tufo de pintelhame cuja única função primordial, é impedir o lábio superior de ver a luz do sol???
Será que é mesmo espírito de contradição ou só estúpidez?
Sabe-se que há bigodes de todas as formas e feitios mas se quisermos falar de elevados níveis de poluição visual, os que batem toda a concorrência são mesmo aqueles mais fininhos que parecem ter sido trabalhados a régua e esquadro. Não me interpretem mal, todos os bigodes são imperdoavéis. Agora, se é para provocar a gargalhada geral, ao menos que usem bigodes que se vejam! Assim sempre se pode exercer convenientemente a sempre tão salutar crítica destrutiva! Fica portanto também aqui o repto.
Considero que só houve uma era na nossa história em que o bigode fez algum sentido: os inqualificáveis anos 70. Aí sim, pode-se dizer que o uso do bigode foi uma questão cultural muito importante. Viviam-se então os pouco saudosos dias da “cultura do bigode”. Além disso não podemos de forma alguma esquecer o papel social que este teve, uma vez que ter bigode era muitas vezes uma questão de sobrevivência: Alguém arranjava trabalho como futebolista se não usasse bigode? E poderia sequer qualquer homem sonhar seguir a carreira de actor de filmes porno, se não fosse possuidor de uma bela bigodaça? Não me parece.
Para o homem, NÃO usar bigode nos anos 70 era tão impensável como NÃO usar roupa horripilante (quem - por muito que tente - pode apagar da sua memória as camisas e as gravatas às flores? As calças à boca-de-sino que mais pareciam carrilhões? As golas ponteagudas do tamanho de asas-delta?).
E isto é tudo o que eu tenho a dizer sobre bigode. Quero desde já pedir desculpa aos polícias, aos treinadores de futebol, aos talhantes e às senhoras da terceira idade mas eu tinha de desabafar senão rebentava. É que como eu não uso bigode, há certas coisas que me fazem facilmente chegar a mostarda ao nariz.