Eu: Ah, a outra? Olha, não fiz a Barba Guimarães porque ela não deixou. Disse-me que gosta mais de filósofos e assim.
Ela: Tens mesmo de estar sempre com esses trocadilhos? Até aqui?
Eu: Principalmente aqui! Estamos na cama, é suposto haver trocadalhos de carinhos e trocadilhos de... tu sabes.
Ela: Trocava isso tudo por uma massagem aos pés.
Eu: Não é altura pra isso, sabes bem. Isto é mas é hora da conversa pós-coital!
Ela: Jura?
Eu: Claro. Esta é a altura ideal para conversas surreais e inconsequentes.
Ela: Ai é?
Eu: Sim imagina tu que há até quem tenha conversa de cama sobre ter conversa de cama.
Ela: E mais?
Eu: Há quem aproveite para tecer rasgados elogios ao outro...
Ela: E estás à espera de quê?
Eu: Já te disseram que tens o ponto supra-esternal mais lindo do mundo?
Ela: Não vás por aí. Eu também vi o Paciente Inglês.
Eu: Pois. Sabes, há quem opte inclusive por comer qualquer coisa...
Ela: Mas...?
Eu: Mas eu conheço o teu frigorifico.
Ela: E eu quero ir fumar.
Eu: Isso também é comum. Há muita gente que quer. Eu pessoalmente acho piada aquelas pessoas que têm sexo só para poder ter conversa de cama.
Ela: É o teu caso, não?
Eu: Não. Não mesmo. Para mim a conversa de cama só foi inventada para dar tempo ao homem.
Ela: Tempo para quê?
Eu: Para poder ter mais sexo.
Ela: E esta conversa ainda vai demorar muito?
Eu: Não, estou quase pronto para me calar.
Ela: Hã-hã.
Eu: É verdade. Só quero fazer-te mais uma pergunta: gostas mais da minha conversa de cama ou de ter sexo comigo?
Ela: Essa é difícil.
Eu: Ai é?
Ela: Sabes que eu adoooro conversar contigo.
Pausa.
EU: É nestas alturas que eu gostava de ser o Tarantino.
Ela: Por causa dos diálogos?
Eu: Não. Porque quando a conversa ou a companhia não lhe está a agradar, com a maior das facilidades puxa de um revólver ou de um sabre e está o assunto arrumado.
Ela: Também podias arrumar o assunto com um beijo.