Desde há algum tempo para cá, tenho vindo a vigiar a ascensão das botijas de água quente na nossa sociedade. São os factos e as notas mais relevantes acerda do assunto, que vos trago hoje aqui.
As botijas (ou borrachas) de água quente, são o segundo objecto de eleição de mulheres solitárias, nas noites frias de Inverno. Ou até mesmo o preferido, se excluirmos os objectos movidos a pilhas. Mas nem só de mulheres sozinhas reza a história das borrachas. São inúmeros os casos de homens que chegam a casa tarde, vindos do café, e apanham as suas esposas em flagrante, com os pés na botija.
Já não há dúvidas, analisando o que as borrachas de água quente têm proliferado nos últimos anos, estão a tornar-se uma autêntica praga social. O mais grave da situação é que uma mulher, depois de conhecer as maravilhas da botija, dificilmente volta a meter um homem na sua cama, assim sem mais nem menos. Com a chegada em massa das botijas de água quente, estamos a tornar-nos obsoletos.
Pela investigação que levei a cabo, descobri ainda que há fortes probabilidades de estar a actuar entre nós, uma poderosa organização secreta, dedicada a espalhar o culto da botija de água quente entre as mulheres do mundo inteiro e nomeadamente as portuguesas.
A essa nova forma de estar na vida (e na cama), resolvi chamar Botijismo. O Botijismo é uma doutrina que assenta no princípio universal de que, quando toca a aquecer os pés, os homens estão ultrapassados. As botijistas acreditam que os homens podem muito bem aquecer-lhes os corações, mas nenhum lhe aquecerá os pés como uma borracha de água quente. As mais fundamentalistas, têm tanta dificuldade em desligar-se desses vasilhames que, quando as noites começam a aquecer e temperatura aumenta, não hesitam em colocar nas suas camas botijas de água fria.
Quantas e quantas vezes, ainda mal acabámos de fazer amor com as nossas namoradas e elas já se estão a vestir-se, para voltar para as suas casas e a sua cama aquecida pela botija? Não adianta fugir do problema. É uma realidade que temos de encarar de frente.
Agora um conselho. Se querem que o vosso relacionamento tenha futuro e perdure, não hostilizem as botijas. Não provoquem cenas de ciúmes quando elas se referirem às suas botijas (e acreditem, elas vão referir-se). Sejam compreensivos e tolerantes como seriam se se tratasse apenas de mais um par de tradicionais pantufas de lã. Jamais coloquem a vossa companheira contra a parede e lhe digam: ou a botija ou eu. É que se optar por esta via, possivelmente é você que vai saltar fora. Sobretudo em Invernos como este.
Para terminar, também um desabafo: É triste mas assim, é cada vez mais difícil conquistar as mulheres. Já não bastava termos de competir ferozmente com tipos que arranjam as sobrancelhas, tipos com cristas e tipos com piercings nos mamilos, agora ainda temos que suportar sacos de borracha com água a fazer-nos concorrência? Caramba, não há justiça, onde é que este mundo vai parar?