Quero partilhar convosco uma inconfidência. Acho que já temos confiança suficiente para isso.
Então é assim: Muito recentemente, o calor era tanto que resolvi passar um belo dia numas piscinas públicas. Não fui sozinho. Chamemos à minha companhia, A Morena de Biquini Branco. E aqui é que começam os problemas. A Morena de Biquini Branco é uma rapariga muito fogosa. A Morena de Biquini Branco cada vez que eu entrava dentro de água, chegava-se a mim e entrelaçava o seu corpo seminu no meu. A Morena de Biquini Branco dava-me beijos subaquáticos com os seus lábios carnudos e a sua língua hábil. Como é bom de ver, A Morena de Biquini Branco é uma mulher linda e foi-me extremamente difícil evitar encaixar-me no seu corpo molhado vezes sem fim. Lembro-me que, por duas ou três vezes, ainda arranjei forças para lhe dizer, “sai daqui demónio, não te aproximes de mim! Vá de retro, Satanás!”. De nada valeu o meu apelo. Ela nem sequer se preocupou com as criançinhas, que nadam junto de nós, com as suas bóias e a sua inocência. Em resumo, um dia estragado. Não pude mais flutuar de barriga para cima, tive de me manter na água tempos infindáveis, condenado a fazer piscinas atrás de piscinas a ver se esfriava. No final, acabei por sair de lá quase roxo e todo engelhado. Mas o pior ainda estava para vir...
E agora quero dirigir-me directamente às mulheres deste país.
Minhas amigas, porque é que acham que eu estou a contar esta história humilhante?
Pois bem, se vos digo isto, é tão somente porque é chegada a hora de alguém vos explicar uma coisinha em relação aos homens. O que esta Morena de Biquini Branco conseguiu, não foi mais nem menos, do que causar em mim, aquilo que clinicamente se deveria designar por TDT. Quem diz TDT, diz obviamente Terrível Dor de Tomates.
Ora bem, eu já não tinha uma TDT destas, pr’ aí desde que os bigodes, as suiças e as permanentes ainda estavam na moda.
Na minha maneira de ver as coisas, parece-me até, que estas Terríveis Dores de Tomates, são dores talhadas para idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos. O que a minha experiência me diz, é que as TDT ocorriam frequentemente nas traseiras dos pavilhões da escola secundária, nas dunas e em matinés de slow’s em discotecas.
No tempo dos meus pais chamava-se a isto “marmelada”, no meu tempo “Curtição” e agora deve chamar-se, “O quê meu?, Vocês passavam horas agarrados a uma garina e não havia nicles de sexo?! Dah.”
Minhas amigas, como é que eu vos hei-de explicar este intrincado acontecimento, de forma a que vocês entendam a gravidade da situação?
Posso dizer-vos que um contacto físico desta natureza e com tanta proximidade, funciona em nós homens um pouco como o hino nacional: ficamos automaticamente em sentido e hasteamos a bandeira. Até aqui tudo fácil. Acontece que a exposição prolongada a tanta fricção e esfrega, activa também uma espécie de sistema de alarme no nosso organismo. Este alarme é como uma pujante sirene: provoca um alvoroço tal na nossa comunidade de espermatozóides, que parece mesmo que os consigo ouvir a berrar, “deixem-me sair, deixem-me sair!”. Com o calor a aumentar e sem encontrarem saída, estes começam a desesperar. Daí ao pânico e à claustrofobia, é um pequeno passo. Os espermatozóides acabam invariavelmente aos encontrões, às cabeçadas e em pouco tempo, temos uma tortuosa guerra civil no interior do nosso aparelho reprodutor. E quem paga claro, somos nós. Reparem no seguinte: as TDT não são apenas dores nos ditos. Não. São sim, dores lancinantes por todo o baixo ventre. Garanto-vos que por esta altura, qualquer homem se encontra numa situação mais explosiva, que um bombista armadilhado, numa rua de Cabul.
Podem vir dizer que há falta de melhor, podemos sempre meter mãos à obra e resolver o assunto sozinhos. É tudo muito bonito, o problema é que uma vez despoletadas as TDT, já qualquer tentava de evacuação se mostra infrutífera. Não é agora que as vamos fazer parar. Apenas o tempo se encarregará de as eliminar. Até lá, resta deitarmo-nos numa espreguiçadeira, não fazer movimentos bruscos e manter a máxima concentração numa sandes de ovo mexido com alface.
Minhas queridas, posto isto, o que eu vos peço, é apenas que façam dois favores aos vossos homens: não comecem aquilo que não podem acabar e não se esqueçam nunca que a Convenção de Genebra, reprova toda e qualquer forma de tortura. Obrigado.