É a minha primeira vez a escrever sobre virgindade. Estou nervoso. Tremo de expectativa. Esperei tanto tempo. Pensei tanto nisto. Mas agora sei que este é o momento certo. Vai ser uma experiência linda.
Cá vai então, em jeito de resenha histórica.
HÁ MUITO, MUITO TEMPO ATRÁS...
Sobre os rapazes. Parece-me que havia no antigamente uma estranha urgência em resolver a coisa o mais depressa possível. Não eram homens nem eram nada, enquanto não resolvessem o assunto. Julgo que fazia parte do ritual de passagem para a idade adulta - conjuntamente com a habituação ao bagaço. Em consequência disso, havia apenas uma formula provável de o conseguir: pela mão do pai, mediante pagamento, em casas especializadas, com senhoras que davam tanta importância à inocência quanto à higiene. Bem, talvez houvesse mais uma ou outra alternativa viável. Principalmente nos meios rurais, também era frequente os rapazes perderem a virgindade com a ovelha mais meiguinha do rebanho. Outros ainda, recorriam ao sempre prático método do buraco na abóbora (há uma espécie que se chama abóbora-menina por algum motivo). Não me custa a acreditar que muitos destes indivíduos quando por fim tinham relações sexuais com mulheres, sentiam a falta da pevide.
Sobre as raparigas. No caso das raparigas, a questão era muito mais complicada. Como se sabe, na nossa cultura popular judaico-cristã, a virgindade da mulher não era uma mera questão de se romper o hímen. Acima de tudo porque ninguém fazia ideia do que isso era. Limitavam-se portanto a seguir A Regra: as mulheres teriam de manter a virgindade até ao casamento e ponto final. Não se pode separar esta ideia, do facto de o sexo ter sido encarado exclusivamente como meio de procriação, durante séculos. O que estava muito bem visto porque não existia outra forma de se procriar. E diga-se a bem da verdade que o objectivo era na maioria esmagadora dos casos, amplamente conseguido. Raras eram as mulheres casadas que não dedicavam toda a sua vida fértil à gravidez em série. Aliás, as mulheres tinham tanta facilidade em engravidar que se pode concluir que a virgindade era mesmo o único contraceptivo 100% eficaz.
Para mais, não era assim tão mau que as mulheres esperassem tanto tempo para serem desfloradas. A primeira penetração era só o princípio da tormenta. Até porque, os seus maridos cada vez que caiam pesadamente em cima delas, estavam a lembrar-lhes que o prazer da mulher era o que menos importava. Também aqui se contavam pelos dedos os que sabiam o que era estimulação clitoriana. Mais tarde, a descoberta do clitóris, viria a ser a fonte da maior revolução cultural das últimas décadas do século XX. As mulheres lutaram afim de poderem ser tão promiscuas como os homens e depois de muito esforço lá conseguiram. Parabéns.
NA ACTUALIDADE
Deveras impressionante é como em pouco mais de 30 anos, a forma de ver a virgindade mudou do 8 para o 80. Ou se querermos ser mesmo brejeiros: impressiona-me como é que em tão poucos anos se passou do nada para o 69.
As coisas estão tão diferentes que presentemente o equivalente a uma virgem é uma rapariga que na sua vida toda só teve – digamos – 3 namorados.
A posição actual dos homens em relação à virgindade é: Foda-se! Assim sendo, não posso deixar de advertir todas as mulheres que me lêem, para o facto de a virgindade poder ser um problema sério se quiserem realmente impressionar ou agradar um homem. Os homens fogem de virgens como quem foge ao fisco. Ou como o Chelsea foge aos adversários no campeonato inglês. Para muitos, a virgindade é praticamente uma doença venérea. Custa-me dizer isto mas nos dias de hoje, chega a ser considerada ofensiva.
- O que é que tens? Tás com uma cara. - Não me digas nada, estou de rastos. - Morreu-te alguém? - Antes fosse pá. Andava a sair com uma rapariga e descobri que ela é virgem. - Não me digas uma coisa dessas! - É verdade. - É pá, imagino como tu deves andar. - Todos os amigos me avisaram mas eu andava cego. - Como é que descobriste pá? - Foi uma vez no carro. Eu tentava pôr a mão, ela tirava-a. Insisti e ela confessou tudo. - Tens de esquecer pá. Mulheres com rodagem é o que não falta por aí. - Eu sei, mas gostava tanto dela, pá. Já tínhamos saído algumas 3 ou 4 vezes... - Realmente pá. É preciso ter azar.
Uau, correu bem melhor do que eu alguma vez pudera imaginar. Nunca mais me vou esquecer deste dia. Espero que também tenha sido especial para vocês.