MICROONDAS

Vamos lá a saber uma coisa: Serei só eu que não confio nos microondas? Ninguém acha estranho enfiar um saco de milho no microondas e passado 2 minutos estarem lá pipocas? Não vos faz confusão ter um strogonoff prontinho a comer em 5 minutos? É que eu acho que há aqui mesmo, algo de muito errado. Esta rapidez é tão assustadora que sempre que submeto uma chávena de leite ao microondas, não posso deixar de sentir que estou a vender a calma ao diabo.

E quando aqueço uma sopa? Um minuto depois, o prato sai de lá a fumegar como se a sopa estivesse a anunciar ao mundo, “Temos papa! Temos papa! Podem comer à vontade sem remorsos.” Convenhamos, isto não pode ser assim, comigo a comida em express mail não funciona.

Depois temos também o programa “descongelar”. Digam-me só uma coisa: Não sentem remorsos, quando tiram bifes do congelador e sem estes estarem sequer minimamente preparados, os sujeitam a um campo magnético dos dois ímans, colocados em volta de um magnetron que faz os electrões girarem a alta velocidade de forma a produzir ondas de grande intensidade? E também ficam de bem com a vossa consciência, quando têm pão na arca e o descongelam no microondas? Não vos parece que se Deus quisesse que nós comecemos pão congelado, já Ele tiria lançado raios e coriscos sobre tudo o que é padaria e panificadora industrial? Hum?

Por tudo isto, não tenho pudores em afirmar que os microondas, são o símbolo máximo das força do mal nesta sociedade de consumo. Sujeitar os alimentos a ondas electromagnéticas que produzem radiações em 2.450 MHz, é uma heresia. É praticamente a mesma coisa que pedir o sabre de laser ao próprio Darth Vader, para assar frangos no espeto.

Esta minha demanda contra os microondas é perfeitamente justificável, até porque se pensarem bem, os primeiros a terem a ideia do microondas foram... os nazis. Metiam os judeus no forno e passado uns minutos... PLIM!, saiam de lá cozidos. Depois foi só alguém lembrar-se de aproveitar este conceito, adaptá-lo à cozinha e o resto é a triste história que toda a gente sabe.

Por tudo isto eu evito ao máximo utilizar o microondas, até porque o microondas tem um ar verdadeiramente sinistro. Sempre que vou aquecer, por exemplo, um prato de caldo verde, tenho de inspeccionar muito bem o interior do microondas. Suponhamos que está lá escondida uma mosca, uma aranha ou um insecto rastejante qualquer? Com aquela radiação toda, o prato a girar, os electrões em movimento, as moléculas das couves ainda se fundem com as de uma vareja e o pior pode acontecer! Vamos que sai de lá um gigantesco caldo verde florescente mutante, com tendências homicidas? Ou até mesmo um lombo de porco pouco amigável, com oito olhos, pernas de centopeia e disposto a conquistar o mundo, hem?

Por favor, meditem bem nisto e pensem no que é que andam a fazer com a vossa vida.

SER BENFICA

A longa agonia terminou. Se eu tivesse um euro por cada vez que sonhei com o BENFICA campeão, estou certo que já tinha dinheiro quase, quase, quase suficiente, para cobrir o défice do Estado. Quase.

É difícil explicar a alguém que não é BENFICA, o que este campeonato significa para nós. Para terem uma ideia, diria que esta espera é mais ou menos semelhante a casar com a Angelina Jolie, dormir todas as noites na mesma cama que ela, ela sempre a dizer que não está pronta e passarem-se 11 anos até lhe conseguir saltar para cima.

Alguns ainda têm a coragem de vir dizer que o BENFICA não foi um justo vencedor. Em que planeta é que eles vivem? Já olharam bem para o plantel do BENFICA? A única coisa que não é justa é o BENFICA ter um plantel daqueles. Isto nem sequer é questão de merecer, isto é praticamente um milagre! É que parece que está toda a gente a esquecer-se que nós temos jogadores como o Paulo Almeida, o Karadas e o Everson! Ah pois é. Mais: Em Dezembro ainda contávamos com o Zahovic e o Argel! Ou seja, mais valor este campeonato tem, porque foi uma época inteira a lutar contra todas as adversidades. A começar pelas contratações e por certos elementos dentro da própria equipa.

Bem, prometi que hoje explicava aos Outros, o que é isto de SER BENFICA. Pois muito bem, preparem-se para a revelação das vossas vidas.

Não existe isso de ser “do” BENFICA. Existe apenas SER BENFICA. Todos e cada um de nós Benfiquistas, é parte constituinte de um gigantesco organismo vivo e glorioso. Uma massa humana grandiosa e transcendente, composta por 6 milhões de gargantas, 6 milhões de corações, 12 milhões de olhos, 60 milhões de dedos das mãos e outros tantos dos pés, 1 bilião duzentos e tal milhões de ossos inteiros e também alguns partidos. Só para terem uma ideia da dimensão do BENFICA.

O Sporting, o Porto, o Boavista e até o Golpilhares de Baixo, são apenas clubes de futebol. Nada mais que isso. O BENFICA é um estado de alma. O BENFICA é uma função vital. SER BENFICA é como respirar, bombear sangue ou segregar bílis para a verter no duodeno durante a digestão. O BENFICA é uma necessidade fisiológica. SER BENFICA é como beber vinho tinto do Douro colheita de 96, praguejar contra os políticos ou comer um galo de cabidela.

Até nas derrotas SER BENFICA é ser diferente dos Outros. Quando os Outros perdem, sentem uma necessidade quase primária de bater no adversário. No BENFICA isso não acontece. O verdadeiro Benfiquista, vai para casa e bate na mulher. Bate na mulher e depois bate nos filhos, porque para um Benfiquista que se preze, a família vem sempre primeiro. E além disso, o tempo em que nós batíamos em mortos, também já vai longe.

Em resumo: não é BENFICA quem quer. Gosto de pensar que somos os “Escolhidos”. É o BENFICA que nos escolhe a nós. Se não foste um dos “Escolhidos” meu caro, tem paciência. Reza, ora, medita, pode ser que nem tudo esteja perdido para ti, acredita na reencarnação. se praticares o Bem, se fizeres os trabalhos de casa, se não fores para a política ou para a Quinta da Baracha, talvez para a próxima, o BENFICA se lembre ti.

Que a FORÇA do BENFICA esteja contigo.