Tenho feito um esforço enorme para evitar escrever sobre lavandarias. Acontece que um determinado senhor de seu nome Jerry Seinfeld, fez o especial favor de me estragar a vida, ao dizer as coisas mais engraçadas que se podem dizer sobre o fascinante mundo das lavandarias.
De qualquer modo, basta de viver enclausurado neste silêncio ensurdecedor, ainda há vida para lá do Seinfeld.
Deixar a roupa na lavandaria é um sufoco inimaginável. Transtorna-me ao ponto de não conseguir dormir, sabendo que enquanto estou muito bem deitadinho na cama, a minha roupa está fora de casa sem mim. E se acontece alguma coisa às minhas calças de ganga predilectas? E se alguma camisola de lã se perde e eu nunca mais a vejo? A verdade é que entregamos a roupa de mão beijada e nunca sabemos o que é que lhe pode acontecer quando nos vamos embora. Há por aí maníacos que podem gostar de vestir as nossas boxers. Até as do Piu-pui!
Além disso, levar a roupa à lavandaria é a coisa mais promíscua que pudemos fazer à nossa roupa. Sabe-se lá com que outras vestimentas é que a nossa roupa vai andar misturada?
E ainda temos as máquinas de lavar roupa. Quanto a mim, as máquinas de lavar são um atentado à boa disposição da nossa roupa. Se tivesse oportunidade, gostava de perguntar à pessoa que teve a ideia de inventar a máquina de lavar roupa, se o seu objectivo era deixar a roupa tonta. Quereria baralhar-lhes os botões? Talvez mesmo deixar a roupa confusa? Ou será que a primeira máquina de lavar roupa foi fruto de um erro de cálculo, quando o inventor estava a tentar fabricar a primeira máquina do tempo?
Gostaria apenas de vos pedir que se colocassem por um segundo, no lugar da vossa roupa, momentos antes da entrada no tambor da máquina de lavar. Que tal, não se sentem como se estivessem a entrar na feira popular, para dar uma volta de várias horas no Poço da Morte? Pois, eu sinto o mesmo.
Será que alguém já se questionou como era desagradável e constrangedor se também tivéssemos de tomar banho numa tômbola gigantesca? Sempre me ensinaram para não fazer aos outros o que não gostaria que me fizessem e depois com que lata é que eu submeto a roupa que tanto gosto a uma montanha-russa daquelas? (creio que todos concordam que seria por esta altura totalmente despropositado perguntar se algum de vós sabe efectivamente o nome de alguma montanha russa…)
Trabalhar numa lavandaria tem muito que se lhe diga. Se eu trabalhasse numa lavandaria, e por um feliz acaso me aparecesse lá a Soraia Chaves com roupa para lavar, acham que era possível eu não ter nenhum pensamento perverso em relação àquela roupa? É que não hesitava nem por um segundo em tirar um rolo de fotografias com as mãos em cada uma das peças que ela me deixasse! Por estas e por outras é que eu nunca poderia trabalhar numa lavandaria. Eu conheço-me, a tentação seria demasiado elevada.
Estou convencido que mesmo assim ou não seria dos piores a lidar com uma situação destas. Um ou outro indivíduo não hesitaria em levar para o café, roupa íntima dela, para mostrar aos amigos todos. Chegava com um sorriso rasgado no rosto e os olhos a brilhar:
- Pessoal sabem o que é que eu tenho aqui? Sabem? Nem vão acreditar! Tenho em meu poder - oiçam bem - as cuequinhas da Soraia Chaves! E agora preparem-se para a melhor parte: nem sequer foram lavadas ainda!
- Ggfdfpokfkvmowrpvffmjvmwrp!!! – Exclamariam em uníssono os amigos estarrecidos.
Quer-me parecer que para o correcto funcionamento de um local emblemático como este, é essencial a existência um código de ética. Qualquer funcionário deveria assinar um termo de confidencialidade em como se comprometia a não revelar pormenores da roupa alheia, nem a abusar da sua posição privilegiada de empregado de lavandaria.
“Declaro por minha honra que não troçarei nem zombarei de nenhuma peça de roupa; de igual forma prometo não enfiar o nariz e não inalar os odores das vestes recebidas por mais atractivo(a) que o(a) cliente possa ser e que essa ideia me possa parecer no momento; não farei comentários ou apreciações morais sobre qualquer farpela mesmo que esta se encontre rota, danificada, ou seja particularmente feia e/ou ridícula. Prometo ainda defender as máquinas de lavar e zelar para que não sejam atacadas pelo calcário”.
Anónimo said...
È só para dizer que este é sem dúvida O MELHOR BLOG PORTUGUÊS! =) Bjs António A. Antunes said...
a ideia de pôr a minha roupa numa lavandaria é selvagem e absurda. a minha mãe usa ariel e para além do mais não tenho muita roupa. Anónimo said...
Mt bom! Se o Sienfeld pudesse ler português pensaria "Pq n pensei eu nisso?" (isto porque ele além de pensar em português também pensa em escrita sms...) Joana said...
Hummmm...tendo em conta esta tua exposição pergunto-me o que pensarás então acerca desse mundo vil das lavandarias, mas na versão franchisada, como por exemplo aquela 'comercializada' através das rugas fofas de um sharpei...Os porcos!...sem referenciar marcas obviamente. Que mundo é este em que vivemos onde se faz negócio à conta de não estarmos para lavar a nossa rupita e acarinhá-la no tambor suave da nossa máquina, em programa para roupa delicada e com um amaciador 2 em 1 engoma fácil e coiso e tal?! hum?! O mundo perdeu-se para os oportunistas... ;) W. said...
Ggfdfpokfkvmowrpvffmjvmwrp!!! I'mNesic said...
Quem me dera que as "nossas" lavandarias fossem como aquelas dos filmes americanos em que até é possivel ocorrerem amores e paixões ardentes. As lavandarias nos States são locais de convívio, de tertúlia, de um aprofundamento de relações e quiçá, evitam o congestionamento da lavagem de roupa suja dos bidés... Ups, dos tanques, amoreh! Era isso que eu queria dizer! Óh Gervásio, com todo o respeito,quando é que vamos deixar os nossos trapos a rebolar na máquinah?! ih ih Beijinhos***Parabéns p'la escrita, uma vez mais! soleil said...
Sr. Nuno...isso das lavandarias é mau mas já pensou na possibilidade de começar a tomar Fluoxetina? Acho que lhe iria fazer bem :-P just joking ... o post está divinal cheio de humor... (aí a minha roupinha onde andará ela? ...a lingerie mais sexy... :-D ) ainda bem que não sou a Soraia Chaves) robina said...
Agora sim, posso cá vir mais vezes. Já consigo ler o blog ;-)