Pode haver quem se esteja a preparar para fechar esta página adivinhando que este é apenas mais um post de gosto duvidoso. Nem pense nisso! Este é, sem sombra de dúvidas, um post de muito mau gosto. Portanto, motivo mais do que suficiente para continuar a lê-lo.
Introdução: Importa passar a seguinte mensagem: nunca se sujeite a uma sanita de um local público a não ser que seja absolutamente vital. Exactamente por isso, ter de recorrer a elas para fazer necessidades fisiológicas de natureza sólida, tem sido das maiores contrariedades que tenho enfrentado em toda a minha existência. “Fazer ou não fazer? Eis a questão”. A minha resposta seria perpetuamente “Não!” mas o meu organismo parece ter sempre uma opinião contrária.
Por outras palavras, ainda não se sabia o que era um bífido activo e já eu tinha os intestinos bem regulados. Tão regulados que entram sempre em funcionamento imediatamente a seguir ao almoço e deixam bem claro que não podem esperar. Acontece que durante a tarde estou muitas vezes fora de casa. Daí que, o produto da equação (somatório da Incontornável Vontade me Aliviar, a dividir pela Falta de Alternativas Viáveis), seja sempre o mesmo. Como se pode verificar pelo seguinte esquema matemático:
Σ ( Incontornável Vontade me Aliviar ) = WC HOMENS
Falta de Alternativas Viáveis
Mas deixemo-nos destes complexos enunciados e vamos passar sem mais delongas à parte prática que a todos interessa. A minha vasta experiência em casas de banho públicas permitiu-me extrair 2 corolários a fixar: 1) Nunca se sente sobre o tampo da sanita; 2) Nunca “solte os prisioneiros” sem antes se certificar que está sozinho na casa de banho (se isto não for de todo possível, escolha o timing certo: aproveite o momento em que alguém accionar a máquina de secar as mãos para abafar o som da “libertação”).
Agora que entramos numa época de fraternidade não posso deixar passar a oportunidade de ajudar o próximo com algum do conhecimento empírico que tenho adquirido. Compilei então, para vós, um conjunto de Cinco Técnicas que facilitarão a vida a quem necessitar forçosamente de se valer de uma sanita pública. A escolha é vossa, mediante as características individuais de cada um.
Técnica do Caçador: Também conhecida como Técnica do Homem Primitivo, esta técnica nasceu praticamente com o primeiro Homem. Recordemos que naqueles tempos primordiais não havia sanitas nem sequer ambientalistas, pelo que, o mundo era um lugar feliz e uma gigantesca e arejada casa de banho. Mais tarde, esta técnica viria a ser adaptada por – lá está – caçadores, que ao passarem muito tempo na mata se viam forçados a agacharem-se (primeiro atrás das sebes - até perceberem que havia silvas por ali - e mais tarde junto a árvores, imitando assim os seus perdigueiros). A estratégia de agachamento é a mesma mas devem lembrar-se que terão uma sanita por baixo.
Vantagem: Em nenhum momento o seu rabo entra em contacto directo com a sanita.
Desvantagem: No momento em que se encontrar a executar esta manobra não puderá deixar de se sentir um idiota. A percepção da idiotice piora ou melhora consoante o(a) interveniente tiver uma maior ou menor noção do ridículo.
Técnica de Windsurf: Técnica bastante utilizada por desportistas que não perdem uma ocasião para se exercitar. Consiste em agarrar na maçaneta da porta, colocar os pés na parede e flectir o corpo para trás.
Vantagem: Não estará realmente a praticar windsurf pelo que não será indispensável que haja vento; Se a porta não tiver fechadura ou trinco, como ocorre tantas vezes, com esta técnica estará a salvo da entrada de estranhos ao serviço.
Desvantagem: Método que apenas é possível de concretizar em casas de banho bastante apertadas e em que a sanita esteja a escassa distância da porta.
Técnica do Papel Higiénico: Como o próprio nome indica, consiste em forrar com papel higiénico, e com o maior número de camadas possível, todo o tampo da sanita. Atenção: apesar das compreensíveis preocupações com a cobertura de toda área envolvente do tampo, nunca se esqueça que terá de fazer muito bem as contas ao papel de forma a assegurar que lhe sobre o suficiente para a segunda metade da missão…
Vantagens: Este método é especialmente indicado para as situações que se afigurarem mais demoradas. O facto do utilizador se sentar permitir-lhe-á maior comodidade e em consequência pode aproveitar o esse tempo morto para ler a Dica da Semana, o folheto da feira dos enchidos ou até mesmo para escrever poesia erótica na porta do WC.
Desvantagens: Dada a natureza escorregadia do tampo da sanita, o papel pode muito bem deslizar para o chão deixando-o exposto a um número considerável de bactérias de terceiros. Além do mais, esta é a técnica mais dispendiosa. Pelo menos para os proprietários do espaço que estão a usar. Levar a cabo uma operação desta envergadura é coisa para custar um rolo inteiro…
Técnica do Poleiro: É a mais acrobática de todas. Levante a tampa, suba para cima da sanita, coloque os pés no sentido da porta e baixe-se o mais que puder.
Vantagens: Como estará posicionado a uma altitude considerável, o "mergulhador" pudera cair directamente na água provocando no reu rabo desagradáveis salpicos com água fria.
Desvantagens: O perigo que representa para a sua integridade física. É aquele que eu chamo o modelo de “Flexigurança”: para o executar é necessário alguma flexibilidade, equilíbrio e muito pouca consciência do que é estar em segurança.
Técnica do Baloiço: Consiste em colocar as mãos entre o tampo e a as pernas de modo a formar um banco unipessoal e intransmissível sobre a sanita. Esta técnica nunca foi testada por mim mas tive acesso a relatos de pessoas que me garantiram não quererem mais nenhuma. Não se preocupem, certificar-me-ei pessoalmente de que essa gente receba a sua medicação revista e aumentada…
mfc said...
"Manual de Bem Cavalgar toda a... sanita"!!! Clarissa said...
Só vim tentar perceber a razão pela qual este Blog é citado numa revista para Homens... e percebi. W. said...
Estou a pensar adquirir um Ferrari para poder evitar essas complicações todas.
P.S.: Também vi a nomeação na FHM, mas achei estranho vir na secção "e ainda", entalado entre um blog de culinária e um blog de banda desenhada... João said...
E a técnica Spider-Man? Ideal para festivaleiros!! É semelhante à técnica do poleiro, mas o equílibrio é efectuado nas paredes à volta com as mãos... Mais practicada em casas de banho de plástico... Joana said...
Meu amigo Gervásio, ressalta deste vasto relatório uma profunda experiência, senão de festivais como bem sugere o João aqui em cima, seguramente de muitas passagens pelo campismo. Por outro lado, aqueles pobres que sofrem de instestinos promíscuos certamente te irão agradecer o cuidado. E os utilizadores pontuais também. Cá no que me diz respeito, sou muito avessa a tais wc, mas à cautela levo daqui umas notinhas :) Beijinho grande Anónimo said...
Lágrimas a escorrerem-me da cara de tanto rir! Juro! Então o Windsurf e o Poleiro...! a sério! Eu cá só usava a técnica (que eu chamo de "Trono") do papel higiénico, mas agora talvez experimente uma nova! eheh De resto, recomendo-te uns updates: 1- O caçador, além da figura ridícula e idiota, cansa as pernas comó caraças! além de que exige preocupação permanente com a distância-mínima-de-higiéne! 2- Em qualquer situação (qualquer!!) deve-se fazer o chamado "amortecedor", que consiste em fazer uma boa sandwich de papel e meter sobre a piscina, para evitar salpicos incómodos e conspurcados! Sem mais assunto subscrevo! =) Grande abraço e parabéns! edelweiss said...
Adorei o post. Da próxima vez vou ter os seus conselhos em conta. ;-) Anónimo said...
OMMFG!!! Ri-me taaaaaaantooo!!! Costumo aplicar a técnica do caçador que me foi ensinada desde pequena, mas custava-me... e a mãe lá tinha que ajudar-me a aplicar a técnica do papel higiénico. Agora que já sou grandinha já aguento a técnica do caçador.
Seriously... esse blog é de chorar a rir... adorei!!! Congrats and huggiez... (^.^,,) Anónimo said...
Oops, enganei-me no endereço do meu blog. (^_^'')