A semana passada decorreu mais um encontro organizado pela Sentidos e Sensações, no espaço Juventude ao Bairro Alto.
O tema era o Beijo e contou com a presença da Margarida Rebelo Pinto e do Fernando Alvim. Fui com ele para o ajudar a meditar sobre o assunto.
Não me arrependi de ter lá ido, e até aprendi alguma coisa. Da assistência veio uma sugestão brilhante para se treinar o beijo de língua. Pega-se num copo de água com um cubo de gelo e exercita-se a língua em redor do gelo. Hei-de tentar esta técnica um dia destes. Antes de despejar o whisky no copo.
Enquanto decorria a animada conversa, dei por mim a pensar no que é que poderia dizer sobre o beijo, na hipótese (improbabilíssima) de me terem convido para orador. Aqui ficam alguns tópicos que faria questão de salientar. (Ao mesmo tempo, ficam também a perceber porque é que nunca ninguém me convidaria para falar num evento desta natureza...)
CONFERÊNCIA DO BEIJO
Boa noite. Antes de mais, queria enviar daqui beijos para todas as presentes. Como não poderia deixar de ser. Quero agradecer terem-se lembrado de mim para esta conferência. Mas se virmos bem as coisas, a minha presença era essencial visto que sou um dos maiores peritos em matéria de beijos no nosso país.
Não sei se sabem disto: tenho uma licenciatura em FILOSOFIA DO BEIJO, dois mestrados, um em DESENVOLVIMENTO SOCIO-CULTURAL, o outro em ENGENHARIA MECÂNICA DA BOCA e ainda uma pós-graduação em BEIJOS REPENICADOS E MORDIDELAS. (Mordidelas que, como consegui provar na minha tese, são um excelente complemento dos beijos.)
O meu fascínio por beijos começou desde muito novo. Ainda estava eu no berço a chorar e já só me calava se me dessem beijos. Mais tarde, a minha mãe, fazia chantagem comigo para me obrigar a comer. Dizia: “Nuno Filipe! Ou comes a sopa toda, ou vais já para o quarto sem levares um beijo!”. (É exclusivamente para situções de irritação maternal na infância, que o segundo nome próprio de um indíviduo serve.)
Quando entrei para a escola primária era já um beijoqueiro. O conselho que a minha mão me deu foi, “meu filho, Nunca aceites beijos de estranhos”. Não resultou, claro. Sempre que um menino se aleijava no recreio a jogar à bola ou a subir ao telhado, lá vinha eu, “tens um dói dói? Eu dá um beijo que isso passa, sim?” Foi um período um bocado bizarro da minha vida, tenho de confessar.
Mais tarde comecei a interessar-me a sério por raparigas e a ser mais selectivo em relação a quem dava beijos. Até estabeleci um princípio pelo qual ainda hoje me rejo: Nunca aperto a mão a mulheres e nunca dou beijos a homens. Não é por nada de especial mas a barba e os bigodes fazem-me alguma confusão. Só abro excepção para o meu pai e velhas.
Tornei-me um tal fã de beijos que passei grande parte da minha vida à procura deles. Andava à procura de beijos por tudo quanto era sítio: em bares, nas dunas, atrás dos pavilhões da escola secundária, no quarto escuro, em sessões de slows em discotecas, em jogos do Bate Pé…
Enfim, posso hoje dizer que virei coleccionador de beijos. A minha colecção de beijos foi das que me deu mais trabalho a conseguir (juntamente com a colecção de unhas) mas estava muito orgulho dela. Cheguei a arranjar tantos beijos que tinha sempre para a troca.
Isto pode surpreender muita gente, no entanto, para mim o beijo é tanto ou mais importante que o sexo. Bem sei que há homem que fazem um tremendo sacrifício para dar beijos à namorada ou à esposa só para chegarem ao sexo mas eu cá, só tenho sexo para puder dar mais beijos.
Pra mim, não pode haver sexo sem beijos (tirando talvez, uma ou outra posição). sexo sem beijos é prostituição ou pornografia. Pelo menos foi o que eu concluí nos... dois ou três filmes do género que eu por acaso vi.
Também há aqueles que gostam de se pôr logo a ressonar ou a fumar o seu cigarrinho depois de fazerem amor. Eu prefiro ficar deitado a dar ainda mais beijos. Neste caso em concreto, o sexo funciona como o melhor preliminar para se continuar a beijar pela noite fora.
Há imensos tipos de beijo. A modalidade que eu considero mais interessante talvez seja o French Kiss. Todos estão a par do que é o French kiss mas poucos saberão como é que ele surgiu e porque é que apareceu precisamente em França. Eu sei! Ora bem, é do conhecimento geral que os franceses são preguiçosos em termos de higiene pessoal. Vai daí, um dia, um casal – julgo que de Marselha – lembrou-se de uma forma inovadora de fazer a higiene oral, uma vez que na altura ainda não existiam pasta dentífricas nem Tantum Verde – passo a publicidade.
O que é que eles pensaram? “Eureka! E que tal se utilizássemos a língua um do outro para lavar os dentes e o céu-da-boca?? Hum? C' est magnific, non?” E foi assim que os beijos mais eróticos da história do cinema começaram…
Para terminar queria só dizer que no final deste debate estou disponível para ficar aqui a distribuir beijos a todas as presentes que queiram ficar com uma recordação deste encontro. Obrigado.
Anónimo said...
Muito fraquinho... 大卫 said...
Este comentário foi removido pelo autor.W. said...
Os 2º nomes são um trauma de 80% das pessoas deste país! Às vezes invejo os americanos e gostava de me chamar simplesmente John Smith... Anónimo said...
Jack Bauer.. 大卫 said...
Não ao aspirador!!!!!!!!
Wponto... not bad Vegana da Serra said...
Esta conversa de beijos lembrou-me um namorado que, pura e simplesmente, não sabia beijar! Oferecia apenas o que apelidei de beijo oco! É que por mais que tentasse, não conseguia encontrar-lhe a língua! Unknown said...
Grande aula teórica... já podemos praticar? António Raminhos said...
A questão que se impõe:
Foste com o Alvim... isso implicou a partilha de beijos com o mesmo?
Se sim... que tal foi?
Se não... gostavas que a resposta tivesse sido sim?
www.samoucoaorubro.blogspot.com
P.S.- Vê lá se apareces na net para dar novidades :)