Não quis deixar-vos as minhas notas sobre o primeiro Boa Noite Alvim sem antes o ver no ecrã de televisão já que no directo a percepção é bastante diferente. É como ver futebol no estádio ou refastelado no sofá: ganha-se em emoção e adrenalina mas perde-se em atenção e em pormenores.
Agora que já vi, mantenho as minhas impressões iniciais, que foram bastante positivas. Sobretudo porque encaro este primeiro programa como o nosso episódio-piloto. O estúdio esteve em obras e não foi possível fazê-lo antes. É o que acontece por vezes à Selecção Nacional quando tem de fazer um jogo importante sem conseguir sequer realizar um treino de conjunto. Como temos tantos jogadores de qualidade a maioria das vezes ganhamos de qualquer maneira.
Tentámos não subir muito a parada para nunca termos de defraudar as expectativas. Creio que sem arriscar muito, o Alvim deu passos seguros, naturais em quem está a tactear um novo terreno pela primeira vez. Tenho a certeza que a tendência será para crescer, o Alvim vai soltar-se mais, encontrar o ritmo do programa e por vezes ensandecer como só ele sabe.
Houve algumas falhas técnicas que são normais nestas situações. A pior delas, e que me deixou bastante triste foi durante o Jornal do Mal do João Quadros. No momento exacto do directo, as imagens que acompanhariam as notícias não entraram o que deixou o Quadros sem rede. Ainda assim safou-se muito bem. São coisas que acontecem, não se voltará a repetir. Daqui para a frente será sempre gravado.
Quero dizer que o Quadros é um dos melhores escritores de humor do nosso país e o sem dúvida o melhor na especialidade de humor negro. Talvez por isso, tem tantos admiradores como detractores que nem sequer precisam de ver/ler o que ele faz para o atacarem antes. É para o lado que ele dorme melhor. Há sempre muitos que gostam de sovar a sua presença televisiva e os seus problemas de dicção mas até isso é perfeitamente assumido por ele. Podem dizer o que quiserem, ninguém consegue ser tão mordaz e crítico consigo como o próprio Quadros. O seu sentido de humor denso e incisivo, esse, ninguém lho tira. O Jornal do Mal vai ser uma presença regular em todos os programas desta série e por certo tornar-se numa rubrica de culto.
Quanto ao OVNI – Objecto de Vídeo Não Identificado – fiquei muito satisfeito com o resultado final e dou os meus parabéns a todos. Esta primeira peça foi a “Traição Filosófica”. Ficou algures entre as soap’s americanas dos anos setenta e algum do dramatismo mexicano. Tudo pensado em termos de cor, planos, enquadramento e interpretação. Para tornar a coisa ainda mais inclassificável as vozes dos actores foram dobradas pelos mesmos, em português (não sei toda a gente percebeu a intenção ou pensou que fosse mais um problema técnico). O João Salomão, que foi o realizador, conseguiu descobrir o caminho certo a partir do meu texto e pelo que já o vi fazer em outras coisas que já gravámos, vou ser forçado a chamar-lhe Mestre Salomão.
Desde o princípio deste projecto que pensei não me limitar a fazer sketches, que é aquilo que toda a gente faz agora, mas tentar oferecer pequenos objectos de humor com uma estética própria que consigam surpreender e se possível fazer os espectadores perguntarem-se “mas o que raio vem a ser isso?!”. Daí serem OVNI’s.
Tenho que referir o magnífico trabalho de montagem e pós-produção que o Pedro Mouzinho está a fazer. Também se notou isso na rubrica do Mundo de Sissi. Encontrar uma linguagem para o programa é um trabalho de monta mas muito recompensador. Ainda é cedo para o perceberem lá mais para a frente vão começar a reparar neste esforço de criar uma imagem de
marca, distinta do que se tem visto em outros porgramas do género.
Outras rubricas surgirão já na próxima terça-feira. Completamente diferente destas que viram esta semana. Obviamente que haverá rubricas que dirão mais a uns que outros mas a ideia é mesmo diversificar e tentar chegar a públicos com sensibilidades e interesses diferentes.
A entrevista também correu bem e o convidado acabou por facilitar a tarefa do apresentador. A dramática história do detective Mário Costa em que uma mulher foi violada pelo próprio amante, tendo de “levar 11 pontos no ânus” e em que o Alvim apanhado de surpresa não conseguiu controlar o riso, foi um tremendo momento de televisão (será que já alguém pôs isso no You Tube?). Creio que vai ficar nos anais da história do Boa Noite Alvim.
Quem não viu ainda pode ver as repetições, os horários estão todos no blog. E terça-feira lá estaremos de novo. Como mais um grande convidado. Não percam.
PS – Estou numa fase boa, a acontecerem-me várias coisas ao mesmo tempo. Amanhã tenho mais uma novidade para vocês.
W. said...
Desde já os meus parabéns e quando ficar "entubado" verei com atenção! Anónimo said...
Grande estreia! Adorei o Quadros e teu OVNI. tambem ja foste traido filosoficamente? ;) Beijos Anónimo said...
Fico mesmo muito feliz por ti!
Finalmente o teu valor está a ser reconhecido, e eu sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde.
Mesmo longe nunca deixei de acreditar e torcer por ti!
Beijo de parabéns! Dragon Soul said...
Há um prémio para este Blog no meu cantinho, é favor passarem lá para o levantar ;) eagle said...
É com grande orgulho que te dou os parabéns por tudo o que tens feito...
Um dia que vá a Lisboa temos de marcar um jantar... não sei quando... mas hei-de ir aí.
A não ser que venhas até Coura ou Vilar de Mouros. Anónimo said...
Não sei o que gostei mais no programa de ontem, se do Alvim de sobrancelhas depiladas ou dos engasganços do Quadros a repetir ad nauseum as mesmas piadas. Anónimo said...
A piada é a mesma. Aqui assina, Terry, no outro blog assina, El Diablo