Tenho convivido toda a minha vida com o pânico de um dia, um dos meus relacionamentos resultar. Não imaginam como é aflitivo estar na eminência de ser bem sucedido no amor. Não é que me dê mal com o compromisso. De modo algum. Dêem-me 7 ou 8 meses e até me adapto à ideia da exclusividade. Agora, deixar de olhar para outras mulheres é que nem pensar. Quanto a mim, a exigência implícita de que mal tenhamos um relacionamento sério temos de parar de olhar para outras e concentrar-nos na única que temos, é que é o grande problema da nossa sociedade.
Muitos se perguntam: como saber quando uma relação está a ficar séria? Uma relação está a ficar séria quando a nossa companheira nos brinda com a frase, “Estás a olhar pra onde?”. Ora, isto atormenta-me porque ela sabe muito bem para onde é que eu estou a olhar. Este breve reparo permite-nos retirar em simultâneo três ilações essenciais à nossa sobrevivência: primeira, ela está já a funcionar em modo monogâmico. Alerta Vermelho!; segunda, estamos a dar demasiado nas vistas; terceira, há razões de sobra para ficarmos bastante satisfeitos connosco próprios. Apesar de nos encontrarmos por esta altura em liberdade precária, ainda não perdemos a capacidade de destrinçar beldades retumbantes quando um golpe do destino as coloca no nosso caminho.
Confesso aqui que, observar mulheres é na realidade o meu grande hobbie. Em todos as viagens e percursos que faço, activo o radar e procuro pontos de referência. No entanto, observo-as de forma lasciva muito menos vezes do que aquelas que gostaria. Simplesmente tenho de as ver a todas. Sinto que estou a compor uma espécie de portfólio para a posterioridade. Inconscientemente e enquanto homem sei que estou obrigado a armazenar nos meus arquivos mentais, o maior número possível de imagens de mulheres. Talvez mesmo todas as mulheres do mundo. O estimulante é que é uma missão que nunca está concluída. Haverá sempre mais e mais mulheres para vermos, algumas delas que vivem em países, passeiam em ruas e frequentam ginásios que nunca visitaremos. Esta é a parte triste.
Eu sou um caso perdido, bem sei. Mas há tipos que querem mudar. Para esses, gostaria de sugerir a toda a comunidade científica que arranje um tempinho – digamos, entre a cura para a SIDA e a vacina para a Gripe das Aves –, e trabalhe num tratamento que ajude a acabar com este vício. Lembrei-me que um pouco à semelhança dos pensos de nicotina para deixar de fumar, poderiam lançar no mercado pensos que forneçam a dose diária de mulheres que o organismo necessita. Começava-se por usar pensos que equivalem a 20 mulheres por dia, depois baixava-se para as 10 e assim sucessivamente até se estar completamente desintoxicado.
Duvido muito que sozinho alguém seja capaz. É um hábito extremamente difícil de se perder. Estamos a falar de pessoas que olham para o sexo oposto há vinte, trinta anos ou mais. Para deixar de reparar nelas é preciso muita força de vontade. E alguma miopia também. Invariavelmente, todos tentam e muito poucos têm o azar de conseguir.
- Uau, olha-me bem para aquela beldade! - Obrigado mas não. Ando a tentar deixar. - Ah. Não sabia que tinhas namorada nova. - Pois. - Estás a aguentar-te bem ou quê? - Tou a ir devagar pá, ando só a olhar para três ou quatro por dia. - Hum... Reduziste bastante. Como é que te sentes? - Mal, uma pessoa ao princípio não sabe onde é que há-de pôr os olhos. - Eu também já tentei mas tive uma recaída. Não olhava pra ninguém há 2 meses 4 dias e 16 horas, levaram-me a uma danceteria e foi uma desgraça. - Nem me digas nada. Eu já mal saio de casa. - Não te quero desmoralizar mas olha que quando chegar o Verão... - Eu sei. É preciso é pensamento positivo: pode ser que o namoro não dure até lá. - Eh pá, aquela não é a Soraia Chaves? - Onde? Onde? Onde?
"Começava-se por usar pensos que equivalem a 20 mulheres por dia, depois baixava-se para as 10 e assim sucessivamente até se estar completamente desintoxicado" - vai daí em overdose ainda provoca uma reviravolta na orientação sexual de um gajo.
Mas concordando... o gado preso também pasta...
um beijo. :)
Anónimo said...
tenho que ser sincero e admitir que não li nada, mas não queria deixar de notificar que passei aqui vindo da parte do "Olhe que não xôtor...", notificação essa a pedido do próprio.
oaltooforteeomoyle.blogspot.com
Angélika said...
LOL Eu geralmente quando faço a pergunta "para onde tás a olhar?", é porque também quero ver!!!
E não quero um homem a meu lado que se sinta castrado!!! Se não gosto de ser controlada, não controlo, e tenho a parte de boa de ora gostar de olhar para homens como para mulheres.
Sei bem distinguir uma Soraia Chaves duma Teresa Guilherme LOOL
Ok. Comparação infeliz, mas deu pra perceber :P
Eu própria ofereci a assinatura da Maxmen ao meu marido!!! Querem melhor???